Concurso de Miss

Mal prestava atenção no que fazia, pois só conseguia olhar a TV e sentir cada vez mais raiva do mundo. Pensava para si mesma: "como existem mulheres bonitas e eu aqui com a cara branca de máscara facial, comendo litros de sorvete".
Aliás, olhava para a penteadeira e tinha vontade de chorar. Cremes hidratantes, creme anti-idade, máscara calmante, creme diurno, creme noturno, demaquilante, protetor solar, potes e mais potes de maquiagem. Produtos para o cabelo? Não dava pra contar, eram muitos.
AH! Se eles tivessem a mínima noção do trabalho que dá ficar bonita naquelas duas horinhas que eles acham demais. Fazemos de tudo para aprimorar um pouquinho mais um descuido da natureza, e eles tem a coragem de dizer que ao natural somos melhores. AH! Tenha dó vai...
O próximo desfile seriam as misses de bíquini... UAU! Que cintura! E aquele peito, será que é de verdade? Ah, prefiro ficar com os meus, silicone deve ser muito sacrificante...
Desligou a TV decidida a não pensar mais naquilo... É perda de tempo, masoquismo, martirização.
Oras... Cada um é bonito ao seu jeito, a sua maneira. O que é um concurso, o que é um conceito? Nada que afetasse a sua vida de forma significativa. Estava quase feliz consigo mesmo.
E assim acordara às 6:15. Droga! Quinze minutos atrasada!!! Mal deu tempo de comer alguma coisa, nos cabelos era melhor nem tocar, e as olheiras? Pouco importa.
Atravessava a obra para chegar ao seu trabalho. Ao longe uma voz: "- Ae gostosa! Mas que saúde...".
????? Perguntava-se a si mesmo: QUE TIPO DE HOMENS SÃO ESSES ????? Certamente não viram a TV ontem a noite.
Pelo menos tinha consciência de que não estava tão ruim assim... Sinal de preocupação seria se nem nos pedreiros despertasse mais atenção.